Das baratas já se sabia,
vinha o pânico, era a histeria.
Tinha o Raid sempre à mão,
quase debaixo da almofada,
para em qualquer aflição
dar cabo da desgraçada.
Com as borboletas foi de fugir!
Ainda, do moço, não sabia a graça
já elas me punham em desgraça.
Coisa nunca antes vista!
Irra bicho vigarista!
Nunca sabia como reagir!
A barata punha-me pálida
de nojo, de pavor.
Mas antes nesses tremeliques
do que encher-me de rubor!
Que era o que acontecia,
sempre que o tal rapaz,
à frente me aparecia.
Fi, raios! Que te aconteceu?
Mulher, tu já não tens destes tremores,
desde o tempo do liceu!
Mas agora a bicharada
já não vai dar mais de si.
Vai-se embora descansada,
intoxicada ou emigrada
para bem longe daqui.
A barata teve azar,
finou com a desbaratização.
As borboletas vão voar,
pois o rapaz tem ambição.
Assim que nos vai deixar,
para noutro país estudar.
Ficamos a supirar,
ainda com o Raid na mão.
Quando o amori anda no ar, até poemas inusitados capazes de envolver a temática BBC Vida Selvagem e a secção de insecticidas do Pingo Doce, soam a Fernando Pessoa!
ResponderEliminarOh, que comentário tão simpático. Tão lisongeador, para o Pessoa, claro.
ResponderEliminarLisonjeador, -jeador, com -j, com -j.
ResponderEliminarAinda fui a tempo?